Respeito é bom, cabe em todo lugar!

Se antes eu tinha dúvidas sobre trabalhar com público ser difícil, ontem eu tive a completa certeza.

Eu fico pensando em como devem se sentir os profissionais de atendimento ao público quando precisam lidar com clientes arrogantes e que faz com que se sintam extremamente desconfortáveis. Sou técnica em enfermagem e trabalho em um dos hospitais públicos de referência em Salvador e ontem eu tive uma das amostras grátis de como o ser humano pode ser cruel com o seu semelhante. Eu escolhi essa profissão não pensando no dinheiro que eu receberia, pois já sabia, desde o início, que esse não era o emprego que me daria um carrão na garagem, nem a casa dos meus sonhos. Porém não fazia ideia do que seria carregar esse peso que essa profissão traz. Cuida de alguém, estar presente, ser o suporte dessa pessoa e de sua família é algo surreal. Acompanhar a evolução do paciente, sua melhoria, torcer por sua alta, sofrer com sua piora e até chorar sua morte... tudo isso faz parte da profissão a qual escolhi e me vi trabalhando durante esses quase dois anos. Contudo, não me vejo dando continuidade a isso. Percebi que não vale tanto a pena. 

Como estava dizendo anteriormente, as pessoas são cruéis e egoístas demais quando o assunto são suas dores. Por mais que façamos o melhor cuidando do outro, raros são os reconhecimentos de nossos esforços e isso é desgastante. Quando o problema não está nas mãos do paciente, é do seu acompanhante ou da equipe ou da chefia que, em alguns momentos, mais atrapalha do que ajuda no serviço.

Eu reconheço que muitos dos problemas que encontramos dá-se pela má vonatde de muitos colegas de profissão ao prestar assistência ou até em um simples passar de informação. Obviamente, tem muita gente que também passa do seu limite, que nos agride com palavras (isso quando não tentam partir para a agressão física). Por muitas vezes eu precisei respirar fundo antes de conversar com algum paciente para evitar que um caso pior ocorresse, precisei dar as costas também para evitar que a discussão ficasse ainda mais calorosa, mas, em muitas das vezes, eu tive a insuportável vontade de sentar e chorar por não compreender como uma pessoa, que necessita de ajuda, encontra alguém disposta a ajudar e ainda é capaz de tratar mal a esse alguém. Mesmo a pessoa sendo solícita, tentando sanar suas dúvidas e auxiliando no melhor que pode. Eu não consigo compreender como é possível que isso possa acontecer. E então eu me pego perguntando: como se sentem os(as) recepcionistas, garçons e graçonetes, os profissionais da limpeza, atendentes de lojas, caixas de supermercado, entre tantos outros profissionais que passam por essa situação sem ao menos ter feito algo. Apenas porque o cliente não se agrada com sua presença ou por qualquer outro motivo ao qual não faço a mínima ideia. Para mim, isso é inconcebível.

Sei que não é possível agradar a todos, afinal, nem Jesus Cristo conseguiu esse feito, mas é necessário tanta crueldade nas palavras para se comunicar com o outro só porque ele está lhe "servindo" no momento? Não somos empregados seus, prestamos serviços para vocês. Cuidamos do seu bem-estar, promovemos seu lazer, sua saúde e muitas vezes, somos nós quem trabalhamos para que esteja confortável e alimentado. Não merecemos esse tratamento, não merecemos suas palavras hostis. Por mais que tentemos contornar a situação e mesmo que resolvamos o que precisa ser resolvido, no fim do dia, nossos corações e mentes estão cheios de coisas que não merecíamos ter recebido. Então, se essa é sua forma de lidar com o outro, peço que repense. Pois não será nada agradável receber esse tratamento de um de nós.

Beijos da Jam, até a próxima!