A tributação dos livros sob minha perspectiva
Preciso desabafar. Preciso falar sobre
a minha indignação ao ler algumas reportagens sobre o atual Ministro da
Economia, o senhor Paulo Guedes.
Em geral, eu costumo ignorar ou evitar falar sobre qualquer coisa relacionada a política ou ao governo brasileiro, pois tem sido uma enorme tormenta para meu juízo não muito certo. Falar sobre o atual governo, sobre os eventos que trouxeram o Brasil aos dias de hoje (e eu não estou falando do impeacheament de Dilma Roussef), sobre a população aclamar políticos e os colocarem em pedestais... Tudo isso é cansativo demais para mim. Porém hoje, eu fiquei nervosa enquanto vasculhava os stories no instagram de uma amiga e vi um post com a seguinte frase:
"livro é produto de elite"
Eu sou leitora. Sou leitora desde os
meus oito anos, quando peguei o meu primeiro livro físico em mãos na biblioteca
da escola onde minha mãe trabalhou de serviços gerais por mais de cinco anos.
Até aquele dia, eu nunca havia colocado um livro nas mãos, se não fosse os da
escola. Anos depois, eu só consegui ter um livro físico em mãos quando foi
inaugurada a biblioteca da minha escola e devo admitir que foi uma verdadeira
festança para minha mente ainda infantil. Mas eu nunca pude comprar um livro
por nunca ter dinheiro o suficiente para comprar um. Depois que meus pais me
deram o meu primeiro computador eu descobri o mundo do PDF e, devo confessar a
vocês, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo. Eu não sou rica,
eu nunca tive condições de entrar numa livraria e comprar o livro que eu
quisesse no dia que eu quisesse. Todas as vezes em que entrei em uma livraria
foram para folhear livros ou ler durante alguns passeios que fazia com minha
mãe no shopping (que realmente eram somente passeios, já que quase nunca
comprávamos algo); mas nunca para ter a sensação de comprar um livro para mim,
pois os preços nunca condiziam com o que eu tinha no bolso.
Durante toda a minha adolescência e
juventude, até mesmo nos dias de hoje; eu me vi cercada por livros em PDF por não
poder pagar por conta dos preços. Não sou de origem "nobre", não sou
da elite e essa frase doeu no meu âmago. Espumei de raiva, falei um monte
dentro de casa e quando, enfim, me acalmei mais fui pesquisar sobre o
assunto. Soube hoje, através deste post no Instagram, sobre sua proposta
de reforma tributária, mas não foi isso o que me levou a escrever sobre ele
hoje. O que me levou a escrever sobre o senhor Ministro, foi a possível taxa
que ele deseja colocar nas compras dos livros.
Como já foi dito, eu sou leitora desde
os meus 8 anos, mas quase nunca tive a oportunidade de ter livros físicos em
mãos e quando conseguia não eram meus, mas sim emprestados de algum amigo ou
colega. O que eu estou querendo dizer é que antes, nos anos dos governos
anteriores, eu não tive condições de comprar um livro por ser da classe C e os
que consegui comprar foram todos parcelados no cartão por não ter dinheiro o
suficiente para comprar na loja. E pelo que vejo, no atual governo não vai ser
diferente. Se antes eu não poderia, agora é que não vou poder mesmo! E toda
essa questão me leva a pensar: como ficarão as pequenas empresas do ramo
editorial quando os escritores optarem por empresas maiores para publicação de
seus livros? E os donos de livrarias que terão de fechar estabelecimentos por
não ter quem compre? E a pirataria, que aumentará ainda mais seu ramo de
mercado? E os escritores que não receberam metade do que o ramo da pirataria
poderá conseguir com seus livros?
Entenderam onde quero chegar?
Não é o rico que movimenta a economia
do país e sim o pobre, com seu dinheiro lavado de suor de um dia inteiro na
labuta. É o sujeito que pega ônibus lotado de manhã cedo, que faz mais de dois
turnos para ter uma grana "rendável" para ter como pagar suas contas,
comprar cesta básica, investir em educação e, se sobrar, ter dinheiro para
pagar o lazer. Então, senhor Ministro, apesar de quem tem dinheiro pagar mais,
quem realmente paga mais não são os ricos e sim os pobres. Sou eu, da classe C,
é minha vizinha que se vira nos quinhentos como diarista para pagar as contas
do mês e dar um futuro digno para seus filhos, é o universitário que trabalha
meio turno para pagar os livros que não são nada baratos para manter seus
estudos.
Antes de seus julgamentos disfarçados
de opiniões, eu quero lembrar que tudo o que escrevo nesse blog tem um
fundamento, nada é tirado das vozes da minha cabeça. Eu fiquei chocada e
desacreditada quando li as reportagens. Se a fala do Ministro Paulo Guedes foi
realmente essa, eu não sei. Infelizmente não achei vídeos da entrevista ou algo
que pudesse me dizer o contrário ou não do que foi lido, mas não vou engolir de
maneira alguma tal afronta. Sou leitora, sou escritora, sou estudante da área
da Educação e me dói ver o quanto estamos sendo flagelados todos esses anos. Ainda
não consigo entender quanto mais vão precisar tirar dos nossos bolsos para que
possamos enxergar que a injustiça já está instaurada em nossa sociedade. A
injustiça racial, social, sexista, entre tantas outras.
Taxar livros, aumentar os preços
de livros é praticamente dizer que vão nos tirar o conhecimento das coisas. Vão
nos impedir de pensar, de criticar, de criar! Querem nos moldar a padrões que
nem mesmo a elite poderia sobreviver. A elite nem produtos nacionais consomem!
Não entra na minha cabeça como isso vai ajudar ao país. Não consigo compreender
como os inúmeros auxílios os políticos têm não são prejudiciais aos cofres do
país, mas uma empregada querer ir pra Disney ser prejudicial.
São tantas coisas, tantas palavras...
minha indignação é grande. Vai além do que vocês podem imaginar. Não caberia em
apenas um texto ou dois. Eu tento ao máximo evitar escrever sobre política em
meu blog, mas eu precisava muito desabafar. Precisava muito colocar isso para
fora, porque a dor que eu sinto agora com determinadas ações são prejudiciais a
minha saúde e eu me conheço o suficiente para entender que se eu não colocar
para fora de algum jeito, quem vai ficar mal sou eu.
Beijos da Jam, até a próxima!
Fontes de pesquisa:
https://cointimes.com.br/paulo-guedes-quer-taxar-os-livros-pirataria-pode-aumentar-diz-estudo/
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Não se cale!