O que eu sei sobre Ansiedade e Depressão




Hoje eu quero falar sobre ansiedade e depressão. 

Na verdade, eu preciso falar sobre ansiedade e depressão e como esses dois juntos fazem da vida do ser humano um inferno. Faz da minha vida um inferno. 

Eu não quero falar clinicamente, na visão de um profissional de saúde (seja psiquiatra, psicólogo ou sei lá o que), eu quero falar na minha visão. Visão de uma pessoa que convive com isso 24h a cada dia da semana e que não aguenta mais viver com esse tormento na mente.

Primeiro de tudo, eu preciso que, quem estiver lendo, esqueça o estereótipo de que a pessoa que tem ansiedade e depressão (principalmente a depressão), é uma pessoa que vive triste e isolada porque não é bem por esse caminho. Eu mesmo vivo rodeada de pessoas, passo a maior parte do tempo socializando com as pessoas, brincando, sorrindo e, aparentemente, me divertindo. Eu saio, converso com meus amigos, bebo com meu sogro, escuto música, namoro e ainda assim sou uma pessoa depressiva e faço tratamento medicamentoso para amenizar a situação caótica aqui dentro. 

A pessoa depressiva/ansiosa vive em pró das consequências de suas ações, mesmo quando ela não toma atitude alguma. A ansiedade e a depressão são as patologias psicológicas que tem atingindo mais da metade dos jovens no mundo e tem sido campeãs disparadas em motivos de suicídio por gatilhos que muitos nem sabem de onde vem. Vocês têm noção do que é estar em casa, descansando e do nada você se pega reflexiva por algo que aconteceu há anos? Do nada você se pega pensando em uma coisa que aconteceu em 2015 e imaginando como tudo poderia ter sido diferente e então bate uma tristeza daquele momento e você começa a se sentir sozinho(a) e imagina que nada mais vai ser diferente e então a sua ansiedade aparece para ajudar na festa da solidão e você começa a pensar em como pode mudar tudo, mas trava. Você sente seu peito apertar, seu coração acelerar e uma falta de ar tão grande, dor de cabeça e você se encontra perdido e nem sabe mais o porquê de estar tão desesperado. 

Tem dias em que eu acordo e simplesmente não quero papo com ninguém, esses são os piores dias porque eu simplesmente quero sumir e me isolar do mundo. É daí que surgem o estereótipo de pessoa triste, sozinha e que chora o tempo todo, mas não é a imagem principal. Nesses dias eu fico sozinha, mas eu não quero estar sozinha. Nesses dias eu só quero que alguém me abrace e diga que vai dar tudo certo no fim. Não quero escutar que preciso trabalhar meu espírito, nem que existe pessoas em situações piores. Eu não quero escutar o famoso "você não pode se deixar abater", porque eu não quero me deixar abater, mas eu não consigo não me abater. E então eu tento me distrair assistindo séries, ouvindo músicas, escrevendo, mas na maior parte do tempo tá tudo tão nublado em minha mente que não consigo me concentrar e fico com raiva e decepcionada comigo mesmo. 

Eu tenho um gatilho que desencadeia minha crise de ansiedade e que já está bem claro para a minha família (algumas pessoas na verdade), que é a minha fobia de palhaço e não ter o que comer (este último não só me deixa ansiosa como também me deixa extremamente furiosa). Porém, existem alguns gatilhos que eu guardo para mim, como o medo de ser abandonada e não ser o suficiente para as pessoas (nem mesmo para mim). Tento ao máximo me reafirmar e é doloroso, tento ao máximo me enxergar e aumentar minha estima diante do espelho, mas é extremamente difícil quando a mente grita de todas as formas que não tem nada de especial ali. Eu amo meu cabelo, estou aprendendo amar meu corpo e meus defeitos, mas tem dias que é tão difícil que eu simplesmente jogo tudo pro alto.

Tem dias em que eu estou serelepe, cantando, dançando, me declarando para o mundo inteiro e distribuindo amor e na hora do banho eu sinto um desejo imenso de bater a cabeça no azulejo da parede somente para parar com os pensamentos caóticos. Tem dias que as unhas marcam minha pele, porque não quero usar a gilete e dar mais trabalho para as pessoas ao meu redor. 

Meus momentos de crise sempre começam com uma coisa bem simples e no fim parece o monstro de sete cabeças junto com todos os vilões dos contos de fadas existentes no mundo e eu luto com eles todos os dias. É um leão por dia, às vezes é o bando inteiro. Às vezes é só um gatinho e eu consigo até lidar com ele, é mais leve, mas tem dias que juntam todos os felinos e aí o bicho pega. E o sentimento de culpa e impotência que vem depois do ocorrido parceiro, é pior do que o próprio momento da crise, pois você faz as coisas sem perceber a fim de terminar com aquilo que lhe dói e quando a realidade bate, o desespero é maior, a vontade de continuar vivendo grita com a vontade de desistir de tudo e o caos meu amigo, só eu sei.

Tem dias que parece que nada disso existe, ignoro as marcas nos braços, as olheiras, coloco o sorriso, hidrato o cabelo e sigo firme. 

Tem dias que eu estou tal qua a música "Maremotos" do Supercombo e tem dias que eu estou tal qual a música "Warrior" da Demi Lovato.

E tem dias em que de fato estou bem, mesmo que no fundo ainda sinta uma leve angústia, eu consigo levar o dia de forma tranquila e natural.

E é isso que é viver com depressão e ansiedade. É assim que vive uma pessoa ansiosa e depressiva. É um tormento inevitável, é uma junção de fobias e gatilhos inesperados, são sentimentos fortes de desejar pertencer, merecer e ser feliz mesmo quando tudo está desmoronando ao mesmo tempo em que sentimentos fortes de querer sumir e desistir de tudo aparece. É uma briga interna entre o querer e o poder que vive dentro de mim o tempo inteiro, quase me quebrando ao meio, para continuar vivendo e respirando mesmo quando estou exausta disso também.


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