Precisamos falar sobre a homofobia

 


 

 

O tema dessa vez é um tanto polêmico, mas bastante vigente e eu senti necessidade de escrever sobre isso, porque a homofobia é algo grave e as ações e atitudes em torno disso, mata milhares de pessoas no Brasil e no mundo. 

Segundo os gregos, Fobia ou Phobia é uma palavra que indica medo ou repulsa e a palavra Homo, indica humano ou ser humano. Logo, a palavra Homofobia, seria medo ou repulsa do ser humano. Mas sabemos que na atual situação em que vivemos, século XXI, ano de 2021, a palavra Homofobia representa um conjunto de ações e comportamentos que indicam repulsa por tudo que indica ser LGBTQIA+, até porque o "HOMO" vem da palavra Homossexual e não do grego "ser humano".

"Mas Jam, por que você decidiu falar sobre isso agora? Tantas coisas já aconteceram e só agora você decidiu falar sobre isso? Aconteceu alguma coisa com você e sua companheira?" Então amadinhos, já aconteceram várias situações comigo e em algumas situações a minha companheira estava presente, mas não é por conta disso que decidi escrever, muito menos por ter visto algo na TV. Eu simplesmente me peguei pensando:

"Se eu tenho fobia de palhaços e paraliso na maioria das vezes, tenho crise de ansiedade, me desespero e choro igual criança todas as vezes que vejo um palhaço; então por que os homofóbicos não saem correndo quando vê um LGBTQIA+ na rua?"

Eu já falei aqui antes sobre a fobia e já expliquei que é um medo ou repulsa em excesso de algo, alguém ou alguma situação. E eu também já falei, lá no texto sobre o "Meu Bicho-papão e eu", que as reações são diversas e em geral a pessoa fica paralisada pelo medo de tão forte que o sentimento negativo lhe aflige. A questão é: por que os homofóbicos não fazem jus ao significado da palavra e saem correndo dessa comunidade? E por que agredir, ser violento, humilhar e destruir a vida de alguém só por causa de sua orientação sexual?

Não vou negar, galera, eu realmente gostaria que as pessoas simplesmente corressem quando me vissem com minha companheira na rua e não me olhassem com cara de desprezo e nojo. Mas, infelizmente, não é assim que acontece. A real é que eu não sei explicar o que acontece na mente dessas pessoas que consideramos homofóbicas, não entendo de onde parte todo esse ódio que destinam a nós LGBTQIA+, muito menos porque somos seus alvos. 

Uma vez eu ouvi alguém falar que Freud explicava que aquilo que as pessoas mais repugnavam era o que elas mais identificavam dentro de si mesmas e não aceitavam. Talvez essa possa ser uma explicação: o fato de sermos "livres" com nossas vidas e amando quem queremos seja motivo de repulsa por essas pessoas não conseguirem fazer o mesmo e eu não estou falando de se relacionarem com pessoas do mesmo sexo, estou falando de ser livre e desimpedido para fazer o que deseja, amar quem deseja e ser feliz assim. Outros afirmam que o problema está na Bíblia e na fé cristã. Não vou desmerecer a fé de ninguém, muito menos questionar sobre isso, mas eu preciso dizer que, se Jesus disse "ame ao próximo como a ti mesmo", eu desejo seguir a esse ensinamento (apesar de ser muito difícil, algumas pessoas de fato exigem muito esforço de mim para gostar delas como a mim mesma).

Ser LGBT no mundo nunca foi fácil, sempre fomos vistos como a anomalia (muitas vezes a escória) da sociedade. Mesmo em Roma e Grécia Antiga, quando se era comum relacionamentos homoafetivos entre grandes figuras, a Homossexualidade sempre foi difícil de ser aceito. Historicamente falando, a comunidade LGBT existiu desde antes de Cristo e os relacionamentos homoafetivos, na maioria das vezes, ocorriam às escondidas (não muito diferente dos dias atuais). 

A luta pela conquista de espaço e pelo reconhecimento em meio a sociedade vem de muito antes do meu nascimento, mas somente no século 21 que conseguimos obter alguns resultados, mas ainda precisamos lutar mais e mais para que possamos, pelo menos, minimizar o estrago na vida dos LGBT na sociedade. No Brasil, o índice de mortes (homicídios e suicídios) pelo crime de homofobia tem crescido de forma alarmante e, o que mais me preocupa, é o fato de que a maior parte dos crimes envolvendo agressão e lesões corporais graves ocorrem dentro de casa, por parte dos familiares. Pais, mães, tios e tias, primos e primas, avôs e avós. Todas as pessoas que convivem com um LGBTQ+ precisam entender quer ser gay, lésbica, transsexual ou qualquer outra orientação sexual não é uma escolha, apenas somos. Nascemos assim. E não exigimos aceitação, mas o respeito. Queremos, ansiamos pelo respeito de sermos nós mesmos sem ter que ouvir piada sobre isso, sem receber propostas ridículas, sem ter que nos submeter a coisas inimagináveis por sermos diferentes do que a sociedade julga ser o normal. Até os animais considerados pela ciência como irracionais existem casais homoafetivos, e são os racionais que fazem da comunidade LGBTQ+ um monstro de sete cabeças? 

Decidi escrever sobre isso porque estou cansada. Cansada de precisar me justificar, de tentar explicar que eu gosto sim de meninas e de meninos e que isso não é confusão da minha mente, nem só uma fase. Eu sou bissexual desde os 14 anos e assumida desde os 20. Enfrentei o maior perrengue em casa, de ter dias em que eu saia para estudar e pensava se valeria a pena voltar para casa ou me atirar na frente do primeiro carro que aparecesse em alta velocidade por não aguentar a pressão ou desprezo na voz das pessoas que eu julgava ser o meu consolo. Eu quase virei estatística, assim como muitas pessoas por esse mundão de meu deus. Vocês, héteros, jamais entenderão a dor de entrar em casa e não se sentir acolhido, de olhar para os lados e perceber que todos estão te olhando, julgando e apontando dedos para você. É ruim. A sensação de estar sozinho quando precisa de alguém é ruim. A sensação de sofrer pela indiferença e desprezo, de se sentir intimidado no local de trabalho, de não conseguir interagir na escola, de sofrer represálias, de ser espancado e preferir a morte ao viver. Tudo isso é ruim. É uma angústia sem fim. 

Eu entendo que seja coisa demais, afinal, são gerações diferentes, décadas diferentes. Mas, custa olhar pro outro e simplesmente respeitar a sua vida e sua forma de viver? Ser bissexual não interfere em meu modo de trabalhar e socializar. Ser bissexual não faz de mim libertina, para sair pegando homens e mulheres como se não houvesse amanhã e, principalmente, não faz de mim objeto de fetiche para ninguém. Eu sou uma mulher bissexual e tenho sentimentos como qualquer outra pessoa e eu não aguento mais ter que medir meus passos quando estou com minha companheira, ter que evitar segurar sua mão por causa das pessoas ao nosso redor, não poder fazer um carinho em seu rosto ou dar um abraço; enquanto casais héteros praticamente transam nas ruas e ainda acham quem filme, aplaudam e achem lindo.

A sua homofobia mata. Se não for por suas mãos, será por outra pessoa ou pelas mãos do próprio passivo na situação. Antes de fazer piadinhas, fazer determinadas propostas e disseminar seu ódio, pensa bem. Talvez você carregue a culpa das consequências mais tarde.

E só pra fechar esse texto, quero dizer que mesmo que você não faça parte da comunidade LGBTQ+ você pode sim ajudar. Ajudar com a escuta, com o acalento, mostrando-se presente, porque nem sempre temos alguém para nos ouvir.

 





Beijos da super cansada de toda essa merda Jam, até a próxima!

 

 

Fontes de pesquisa:

https://www.politize.com.br/homofobia-o-que-e/
https://br.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-homofobia_8811384.htm
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232020000501709

 

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