A União das Marias...

 



Maria Rita se levanta cedo, toma um banho relaxante, faz o café, acorda as crianças, cuida da casa, prepara o almoço, briga com o filho mais velho, reclama com o caçula, ameaça bater nos dois, respira fundo, pede aos céus por paciência. Ela liga para a melhor amiga, Maria Flor que não tem filhos, mas se vê doida com tanto trabalho acumulado da faculdade e sem saber como vai conseguir conciliar estágio, faculdade e trabalho de meio período.

Enquanto isso, do outro lado da mesma cidade está Maria Alice, uma avó que faz um bolo fresquinho de cenoura com cobertura de chocolate para receber a visita das netas que só puderam ir vê-la nesse dia corrido em que seu filho precisa ir para um entrevista e não tem em quem mais confiar para deixar suas meninas.

Ainda nessa vizinhança, Maria Eduarda, uma tia de 14 anos, vai buscar seus sobrinhos na escolinha, um total de quatro crianças! São todos filhos de seus irmãos mais velhos que se encontram ocupados tentando trazer o sustento de casa.

Maria Fernanda, a filha mais nova de um casal tradicional está com a mão na cabeça em desespero por não saber como contar aos pais que, aos 16 anos, se enontra grávida de um carinha do colégio que não tem pretensão alguma de assumir ela ou a criança.

Maria Cristina recebeu um convite das amigas para sair na noite, mas por trauma de algo do seu passado acaba recusando e passando mais uma noite sentada em seu sofá, com seus ansiolíticos e se questionando por que ela.

Maria Tereza é solteira, trabalhadora e decidiu que não vai deixar comentários sobre o seu corpo diminuir o seu amor por si mesma. E daí que tem gordurinhas a mais? E daí que ela usa GG?

Maria Aparecida, está cada dia mais preocupada com os produtos que deixam seus cabelos cada dia mais lindos e não com os comentários sobre seus fios encaracolados.

A Maria Rita, amiga da Maria flor, trabalha de casa. O marido trabalha fora, mas “ajuda” nas tarefas de casa sempre que pode. A Maria Flor é a única filha de um casal que sempre se virou nos trinta para criar e educar seus filhos e sempre mostrou que homem e mulher têm lugar igual no mundo e que precisam se ajudar – isso desde as tarefas domésticas às tarefas sociais.

Maria Alice ajuda no que pode ao seu filho e nora no cuidado de suas crianças. Ela sabe que seu tempo foi difícil, ainda não entende muita coisa dessa nova geração, mas deseja que suas netas possam desfrutar de um mundo diferente do que ela e sua nora viveram.

Maria Eduarda se sente responsável pela formação das quatro crianças de seus irmãos. Ela só tem 14 anos, mas sabe muito bem o que é preciso ter para “ser alguém” e para ter o respeito daqueles que a rodeiam. É a caçula de três irmãos e a única que pode ajudar em casa com quebra-galho – isso quando não está na escola.

Maria Fernanda não deu continuidade a gravidez nem a sua vida. Foi obrigada a abortar de forma clandestina e sem ajuda dos pais ou qualquer outra pessoa que pudesse chamar de “amigo”. Partiu junto com o feto, na tentativa de não jogar o nome da família na lama.

Maria Cristina segue fazendo tratamento para cuidar do seu pânico social e fobia de gente. Continua tomando seus ansiolíticos, ainda tem medo de ficar na rua até tarde da noite, mas já não se priva tanto de curtir a vida com seus amigos – dentro dos seus limites.

Maria Tereza e Maria Aparecida? Elas se conheceram em uma festa, na mesma em que Maria Cristina foi quando decidiu que seus medos não a abalariam mais e fundaram uma página para as “Marias” que o mundo precisa conhecer, para que cada uma contasse sua própria história e percebessem que toda mulher tem problemas, toda mulher passa por situações que nem 1% dos homens passariam ou se imaginariam passar. A união das Marias (mãe solo, domésticas, empresárias, modelos, publicitárias, enfermeiras, secretárias, vendedoras e autônomas) e a ajuda de cada uma para cada uma, sendo elas por elas, é que vai fazer a diferença e mostrar o brilho que cada uma tem dentro de si.



Para quem sentiu falta, mais um conto pra vocês se deliciarem. Dessa vez, trazendo várias Marias para nos identificarmos e nos colocar no lugar. Existe uma Maria dessa em cada uma de nós, nas nossas mães e avós, professoras, chefias, amigas e colegas...

Beijos da Jam, até a próxima!

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