Carta para mamãe...
Hoje é sexta e Dia das Mães é
daqui a dois dias e eu passei a semana pensando que esse será mais um ano longe
da senhora. “Comemoraremos” esse dia via chamada de vídeo, do mesmo jeito que o
ano passado, porque, além de não morarmos mais debaixo do mesmo teto, estamos
em cidades diferentes. Essa semana me peguei pensando inúmeras vezes na senhora
e em como eu achava (e ainda acho, para falar a verdade) o seu jeito
extravagante, sua forma nada simplista de me chamar atenção e as respostas acaloradas
para as perguntas das quais considera idiota. “Para perguntas idiotas, a
tolerância é zero”, é o que costuma dizer. A senhora tem um jeito próprio de
dizer que ama seus três filhos (eu geralmente chamo de jeitinho torto, mas sei
que é sincero) e esses dias eu me peguei lembrando a forma “carinhosa” que tem
de nos acordar cedo, me peguei rindo com toda a cena perfeitamente formada em
minha mente que mais ou menos assim:
E ela prontamente responde:
— Eu não, você tem seu alarme,
use ele.
Mas no dia seguinte, meu celular
nem precisa despertar porque a senhora entrava no quarto me chamando as cinco e
trinta da manhã dizendo que era nove horas e eu toda desorientada, me levantava
e corria para me arrumar. Só depois de muito que eu percebia que estava cedo
demais, reclamava muito e depois virava no “cão”, porém hoje eu não consigo mais
esperar pelo despertador. Aprendi a ser pontual desse jeito, talvez não da
melhor forma, mas aprendi. Então obrigada, mamãe.
Além disso, a senhora também me
ensinou a ter senso de responsabilidade e ser criativa. Me mostrou que o mundo
não é esse mar de rosas e que nem sempre a vida vai sorrir para mim. Me mostrou
que as oportunidades se vão fáceis e que eu preciso conquistar o que eu quero
sem abaixar a cabeça para as pessoas.
O nosso único problema está na
nossa falta de diálogo e isso gerou um estresse enorme em nossas vidas. Na vida
de toda a família. Eu nunca tive abertura para conversar sobre qualquer coisa contigo
e isso me fez uma falta enorme. Ainda hoje eu sinto falta disso. Mas durante
muito tempo, a nossa falta de diálogo me fez confundir respeito com medo. Por
nunca conseguirmos conversar como confidentes, eu nunca pude saber de fato que pensava
a respeito de muitas coisas e quando ouvia suas opiniões em conversas com outras
pessoas eu me sentia tão pequena e errada… durante muito tempo achei que
precisava sumir ou dar um jeito de simplesmente ir embora para sempre, para que
a senhora fosse feliz. Demorou muito para eu entender que não havia problema em
ser como eu sou, mas sinto que ainda vai demorar pra separar quem e o que eu sou
do que deseja que ou quem eu seja. É um assunto um tanto delicado para nós, mas
que desejo poder solucionar da melhor forma possível.
Mesmo com todo os problemas,
confusões e maluquices a senhora é incrível, do seu jeitinho, mas é. Queria que
pudesse saber de tudo isso por mim, falando diretamente para ti, mas
infelizmente eu não consigo. E eu espero que as minhas palavras cheguem até a
senhora de alguma forma, porque nem coragem para entregar esse texto eu tenho.
E antes de encerrar, eu peço para
quem estiver lendo que criem vínculos com a mães de vocês. Peço que, mesmo com
todos os problemas, digam as suas mães o quanto elas são importantes e saibam que
o apoio que vocês querem delas, elas também querem de vocês. Sabemos que ser
mãe é um caos, ser mulher é um caos, ser responsável pela vida de outras pessoas
é um caos! Então precisamos ser pacientes com elas... elas aguardaram por nós
por nove meses, cuidaram e ainda cuidam da gente então porque não sermos um
pouquinho da força que elas precisam de vez em quando?
Dedico tudo o que escrevi não só à
minha mãe, mas para todas as mamães e pessoas que fazem o papel de mãe em suas
famílias que venham a ler esse artigo em algum momento. E lembrem que o afeto e
o amor às nossas mamães têm que ser demonstrados todos os dias, não só em uma única
data do ano. Essas pessoas merecem muito mais de nós que isso.
Beijos da Jam, até a próxima!
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Não se cale!