Sobre o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+
Assistindo a animação “Como treinar o seu dragão” me fez
analisar a atual conjectura em que vivemos. Tudo bem que o filme fala sore a
sociedade viking e que os conhecimentos da população retratada ali são baseados
na vivência deles. Não havia internet, os livros eram “escritos” por eles mesmos
com o intuito de ter manuais e passar adiante as histórias e conhecimentos de
sua época. Porém, nada retira o fato de que eles trazem um tema que é bastante
atual: o medo daquilo que não conhecemos.
A premissa dos vikings era matar os dragões por medo do que
eles poderiam causar em sua sociedade. Os dragões invadiam sua ilha, levavam
suas comidas e deixavam um rastro de destruição por onde passavam… um
verdadeiro caos e, para se proteger, os vikings revidavam – da pior maneira
possível, claro.
A questão é que no meio de todo esse caos existiu um único ser, dentro da população viking, que decidiu não lutar contra os dragões. Ele teve a oportunidade até de matar, mas não quis. Ele optou por observar e aprender a lidar com o dragão que “oferecia maior ameaça a ilha de Berk”. Soluço, o nosso protagonista e herói, optou por se informar, estudar e analisar os “comportamentos e vivências dragônicas” para conviver com eles, mesmo sabendo que toda a sua comunidade era contra isso. Ele foi contra ao que todos diziam e acreditavam e fez o que achou certo: foi em busca da sua verdade e trouxe paz e harmonia ao seu lar, onde vikings e dragões vivem em comunhão.
Trazendo essa animação para a realidade a qual vivemos hoje,
na qual a informação circula de forma rápida, a realidade em que a informação
corre em questão de segundos, com apenas um clique, eu penso: por que não procuramos
nos informar sobre o que não conhecemos e partimos para agressão, assim como o
pai de Soluço e toda população da ilha fez com os dragões no primeiro filme? E mesmo
que haja tantos Soluços por aí, que buscam se informar e compreender o que acontece,
por que a maioria não consegue apenas escutar o que tanto se fala sobre ser LGBTQIA+?
Eu, realmente, não consigo entender como em um mundo onde a tecnologia reina e nos
deixa a margem de diversos avanços na ciência, ainda precisamos discutir porque
Maria ama Clara e João ama Pedro. Tantos assuntos mais importantes para ser
discutidos, tantas coisas que são prioridades e ainda precisamos implorar por
respeito?
28 de junho é um marco para a comunidade LGBTQIA+ e tivemos
motivos e mais motivos para chorar e implorar que isso acabe logo, porque não
aguentamos mais. Não suportamos mais morrer por sermos quem somos e amar quem
amamos. Não escolhemos viver sendo perseguidos, portanto ser gay, bissexual, lésbica,
travesti/transexual, pansexual, assexual ou intersexual não é e nunca foi uma
opção, nunca foi uma doença. A doença está na mente de quem não entende isso. A
doença está na pessoa que não consegue entender que com quem eu me relaciono ou
como eu me identifico. Eu não aceito mais o preconceito velado de muitos aí,
não aceito voltar para o armário – minha alergia a ácaro não permite – e eu não
aceito que tentem me dizer como me comportar ou com quem me relacionar.
Não sou Viking e não tenho um dragão para domar, mas tenho
uma sociedade para ajudar a reconstruir. Tento com o diálogo, se não funcionar,
paciência. A única coisa que eu exijo é o respeito de exercer os meus direitos
e deveres enquanto indivíduo nesse mundo tão saturado, chamado Terra.
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