Carnaval (2021) - Filme, Netflix
Depois de tanto ouvir, assistir e
pensar sobre eu decidi escrever sobre o bendito filme “Carnaval”.
Começo dizendo que o filme é
legal, não posso negar isso. Me fez matar um pouco da saudade de uma muvuca, de
uma aglomeração, de um reggae com os amigos. Mas não posso deixar de falar
sobre o sotaque e atuação forçados e as irrealidades apresentadas no filme.
Sempre que assisto um filme, novela ou série que tenha um personagem nordestino, sobretudo baiano, eu me sinto extremamente incomodado. Acredito que a novela global que chegou mais perto do que realmente é a vivência de um baiano – principalmente o soteropolitano – foi "Segundo Sol" ( e ainda assim deixou a desejar; e o filme que mostrou o que realmente é Salvador durante o Carnaval foi “Ópaí Ó” (2007) – mas acredito que o motivo do sucesso, além de mostrar a realidade soteropolitana, foi por conta do elenco inteiramente baiano.
Voltando ao filme, eu gostei de trazer o tema do carnaval e toda a emoção que precede esse período, além de mostrar a era atual da tecnologia, onde as pessoas vivem e morrem por likes, seguidores e ser famoso pela quantidade de publicações curtidas e compartilhando praticamente toda a sua vida nas redes sociais. Gosto da crítica que o filme traz ao mostrar uma amizade de anos ser abalada por conta disso e mostrar como as relações humanas ficam instáveis diante da exposição. Gosto principalmente do reforço que o enredo faz ao mostrar que as coisas e pessoas mais importantes da vida estão sempre ao nosso lado.
Por outro lado, como baiana e
soteropolitana que sou, eu preciso falar:
que porra de mandiga essas meninas fizeram para dormir na praia do Porto
da Barra e acordar com todos os seus pertences? Tudo bem, eu sei que é um
filme, é encenação, mas é irreal isso acontecer em pleno Carnaval. A galera
aqui não pode vacilar nem por um segundo sequer nos dias normais, quem dirá em época
festiva. Acredito que se mostrassem elas dormindo em algum outro lugar não tão exposto,
as críticas seriam menores. E o sotaque? Amorinhas, eu sei que toda região brasileira
tem seu sotaque. Eu sei que o baiano tem sotaque, maaaaaaas ainda não vi alguém
conseguir reproduzir nosso sotaque de uma forma que me deixe satisfeita e isso
me mostra que conhecem muito pouco da nossa realidade, da nossa vivência e da
nossa cultura.
Outra cena que me deixou um tanto
frustrada foi a da personagem Mayra perdida. A menina saiu da Barra e chegou no
Pelourinho andando tão rápido que eu fiquei perdida. Eu me perguntei como ela conseguiu
chegar lá sem nem sentir uma dor nas pernas? Eu sei que o pânico nos facilita a
realizar coisas que até mesmo o universo duvida, mas a menina não demonstrou nem
um pouco de cansaço ou dor da caminhada – bem longa, diga-se de passagem – que
deu? Compreendo que era necessário para mostrar as raízes ancestrais dela, mas
não mostrou nem um pouquinho de alguns lugares que ela poderia ter passado para
trazer um pouco mais de realidade da cena. Poderia ter mostrado alguma cena
dela no Campo Grande e na praça Castro Alves, por exemplo.
Talvez eu esteja sendo crítica
demais, mas me encontro no meu direito de moradora local ressaltar esses pontos.
Não sei nada sobre atuar, não sei dos processos de cada ator e atriz, mas sei
da realidade do meu povo.
Pelo que li antes e depois de
assistir ao filme, acredito que a indignação é unânime entre os soteropolitanos
que assistiram a esse filme e, apesar das boas mensagens que ele passa, nos deixa
a desejar em determinados quesito como tantos outros filmes que têm como palco
a nossa cidade.
Beijos da Jam, até a próxima!
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