Sobre RED: crescer é uma fera...



 




Eu realmente amo uma animação. 

Acho que deu para perceber não é? 

Para fechar a minha sequência de filmes, animação e sentimentos, trago a minha análise do filme "RED: crescer é uma fera". 

 

"Em Red: Crescer É uma Fera, quando uma adolescente fica muito nervosa, ela se transforma em um grande panda vermelho. O longa aborda dessa forma, a jornada de amadurecimento da personagem, suas inseguranças dessa fase em que, a personagem principal está dividida entre a filha que sempre foi e sua nova personalidade, intensificada por todos os sentimentos conflitantes que a adolescência provoca. Além do caos gerado por todas as mudanças em seus interesses, relacionamentos e corpo, sempre que a garota fica muito agitada ou estressada, ela vira um panda vermelho gigante, - o que com certeza, só gera mais problemas para a jovem - sendo uma metáfora para todas as vezes que, constrangidos pelos novos desafios que se apresentam em nossas vidas, as inseguranças só se agigantam". - Sinopse por Adoro Cinema. 

 

De uma primeira olhada nota-se que RED é um filme que quer conversar com os jovens entrando na adolescência. É um filme que fala, de uma maneira lúdica, sobre as transformações do corpo e tantas outras que os adolescentes passam nessa fase desde o relacionamento familiar e laços de amizade aos sentimentos com relação a garotos e garotas, etc. Então nos vemos vivendo as aventuras da Meilin, rindo das suas complicações e nos enxergando debaixo de sua pele quando seus sentimentos afloram e a transforma em um ser vermelho, gigante e raivoso - sobretudo quando o assunto é a família. 

Observando a dinâmica familiar da Meilin, percebemos que há tradições, rotinas, regras a serem seguidas e, claro, muito amor. Talvez amor até demais. O que me leva a pensar e questionar as proteções e barreiras que, enquanto adultos e responsáveis por pessoas mais novas - sejam elas crianças ou adolescentes -, estabelecemos nas vivências daqueles que estão sob nossa tutela. O quão permissivo ou nocivo tem sido a nossa relação com aqueles que amamos e juramos proteger e cuidar? 

Em RED, a protagonista inicia o filme com uma fala afirmativa, tentando se impor, se colocar em um espaço que deseja, em um patamar de independência, mas sempre dentro do que é permitido por sua mãe, o que nos mostra que a protagonista tem consciência de que é necessário ter limites dentro das permissividades que cabe a uma adolescente. 

Outro momento que me chamou atenção nesta animação é o comportamento da mãe, quando tem acesso a um dos cadernos de Meilin, encontrando alguns desenhos feitos por ela que simulam um suposto envolvimento entre ela e o caixa de uma loja de conveniências. É natural uma proteção acerca do assunto, querer mante sua única criança distante de certos tipos de relacionamentos, principalmente quando não se está esperando que o crescimento, desenvolvimento e despertar romântico aconteça de maneira tão repentina - do ponto de vista de sua mãe. No entanto, a reação da Meilin, diante toda a situação a qual foi exposta, sentindo-se confusa pelas reações de seu próprio corpo quando passa a observar os meninos e culpada por sentir desapontar a sua mãe com atitudes das quais ela não espera e durante essa mesma noite ela se transforma num panda vermelho, em resposta as todas as confusões sentimentais que ela vem vivendo ao finalmente ter 13 anos. 

Além deste, teve outro momento que, podemos colocar como constrangedor, a vida de qualquer menina ao se tornar adolescente: a fase da menstruação. Pelo menos é o que a mãe dela acredita estar acontecendo ao ver o comportamento esquivo de sua filha e que leva a vários acontecimentos vergonhosos que leva Meilin a se transformar em um gigante panda vermelho em sua escola diante de seus amigos e colegas e que se controla e some na presença de suas melhores amigas. 

E as coisas se complicam ainda mais quando Meilin se dividida entre obedecer a sua mãe ou segurar o desejo de ir ao show de uma boyband famosa e então muda a chavezinha em sua mente, levando-a a ter atitudes das quais nunca cogitou anteriormente como mentir e desobedecer por exemplo. 

Toda a situação se desenrola entre a angústia vivida por Meilin entre o querer viver sua vida como um adolescente normal junto às suas melhores amigas e ser a filha perfeita para sua família. 

E então vem o questionamento: o que podemos fazer nessa situação? Como podemos guiar e cuidar dos nossos jovens quando eles se encontram nesse dilema? 

Do meu ponto de vista o mais sensato seria o bom uso do diálogo e da escuta. Principalmente da escuta. 

Acredito que, se Meilin tivesse o mínimo de abertura para conversar sobre o eu querer e o seu sentimento com sua mãe, talvez metade dos problemas e constrangimentos seriam evitados. Além disso, a superproteção servindo como um impedimento de enxergar a necessidade de dar liberdade em pequenas doses junto com o conhecimento das causas e consequências entrega a sociedade um indivíduo confuso, problemático e incerto de suas ações.  

O fato de Ming, mãe de Meilin, ter passado por uma situação similar, nos faz compreender a superproteção como a tentativa de evitar que sua filha passasse por toda a confusão e problemas que ela precisou enfrentar em sua adolescência. Quantos pais e mães buscam, a sua maneira, evitar que seus filhos vivam ou tenham experiências negativas, baseado em suas próprias vivências sem considerar que seus filhos, apesar de ser um pedaço deles, não são suas extensões, mas sim indivíduos que precisam ter seus espaços, ser escutados e levados em consideração em sua própria existência. 

Quando adultos, queremos proteger nossos pequenos - às vezes não tão pequenos - de todas as frustações e problemas que podem surgir no seu caminho, como a Ming fez com Meilin, escondendo informações importantes sobre sua vida, mantendo vigilância constante, mas até quando isso é saudável? Por vezes, é necessário recuar e escutar para então buscar uma ação que se tornará efetiva e que pode ser um diferencial na vida dessa pessoa em formação. 

 

Quem ainda não assistiu essa animação, eu convido para que cate o seu ou a sua adolescente, façam uma pipoquinha e assistam juntos e, após isso, conversem sobre suas aventuras, escute um ao outro e fortaleça o laço familiar para que seu pequeno - não tão pequeno - em formação, tenha um diferencial e seu desenvolvimento. 

 

RED: crescer é uma fera está disponível na Disney+. 

 

 

Beijos da Jam, até a próxima! 

 

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